Histórico familiar e doenças do coração: como a genética pode influenciar a sua saúde cardiológica

Por Dr. Walmor Lemke | Quando falamos em doenças do coração, uma pergunta muito frequente no consultório é: “Minha família tem histórico de doença cardíaca. Qual a minha chance de desenvolver algo parecido?” A resposta pode ser tanto preocupante quanto esperançosa, porque sim, é possível quantificar esse risco, mas, principalmente, é possível prevenir.

A medicina moderna está capacitada para avaliar, com precisão, a probabilidade de você desenvolver condições como infarto ou derrame, usando dados genéticos e outros fatores de risco. Hoje, quero abordar como o histórico familiar influencia sua saúde cardíaca e como um acompanhamento preventivo pode transformar sua vida.

 


 

A genética não mente: a influência do histórico familiar

Muitas pessoas não percebem o peso da genética em suas vidas. As doenças cardíacas, como a aterosclerose – também conhecida como ateromatose – estão intimamente ligadas à carga genética. Se seus pais tiveram infarto ou derrame, é provável que você tenha uma predisposição significativa para essas condições. Para se ter uma ideia, a chance de um filho de pais com histórico de infarto também sofrer um infarto ultrapassa 40%.

Além disso, a hipertensão arterial, outra condição comum, também tem forte influência genética, podendo atingir 50% de chance em indivíduos com pais hipertensos. Isso significa que, mesmo na adolescência, já é possível observar os primeiros sinais de pressão alta em quem herdou essa predisposição.

Se na sua família existem casos de infarto, derrame, diabetes ou hipertensão, você pertence a um grupo especial de pessoas com maior facilidade para desenvolver essas condições. Reconhecer isso é o primeiro passo para se proteger.

 

Quando a genética se combina com maus hábitos: um alerta

Os fatores de risco cardiovasculares se dividem em “removíveis” e “não removíveis”. A genética, como já discutido, é um fator não removível. Mas, quando combinada com hábitos de vida inadequados, o risco pode ser alarmante.

Se você é obeso, sedentário, fuma ou possui uma alimentação desbalanceada, esses fatores atuam como gatilhos para acelerar o surgimento de doenças graves. Agora, imagine somar tudo isso a uma predisposição genética. O resultado é uma combinação explosiva, que aumenta de forma drástica o risco de infarto e derrame, duas das principais causas de morte no mundo.

Para quem possui histórico familiar, acima dos 40 anos, é mandatório realizar uma consulta com um cardiologista. Esse cuidado preventivo pode literalmente salvar sua vida.

 

O poder da prevenção: consultas e exames são essenciais

Identificar o risco é apenas o começo. Durante a consulta cardiológica, podemos transformar suas informações pessoais em uma grade de riscos, avaliando fatores genéticos e comportamentais. Além disso, exames complementares são indispensáveis para refinar esse diagnóstico.

Exames como teste ergométrico, ecocardiograma, score de cálcio, e até mesmo análises avançadas como a angiotomografia de coronárias permitem quantificar o risco de desenvolver doenças cardíacas. Cada um desses exames fornece dados preciosos sobre a gravidade da sua condição e a probabilidade de progressão.

Atualmente, contamos até com estudos de genoma humano, que ajudam a identificar genes específicos relacionados ao colesterol elevado (dislipidemia familiar) e outras condições hereditárias. Esses avanços nos permitem personalizar ainda mais o tratamento, aumentando as chances de prevenção e qualidade de vida.

 

Uma história de prevenção: o exemplo que transformou uma família

Certa vez, atendi uma paciente que, inicialmente, não acreditava ter histórico familiar de doenças cardíacas. Na segunda consulta, no entanto, ela trouxe uma foto de família e revelou que, ao investigar com sua mãe, descobriu que vários homens da família haviam morrido subitamente – sem que ninguém se desse conta de que estavam infartando.

Com essa informação em mãos, investigamos toda a família por meio de exames complementares. Conseguimos prevenir possíveis mortes súbitas e proporcionar mais tranquilidade para aquela família, que passou a dividir não apenas preocupações, mas momentos de felicidade ao lado de quem ama. Esse é o verdadeiro poder da medicina preventiva.

 


 

Não espere para agir

Se você tem histórico familiar de doenças do coração, não ignore os sinais. A genética pode ser uma herança inevitável, mas o cuidado preventivo está ao seu alcance. Faça

consultas regulares com um cardiologista, realize exames adequados e adote hábitos saudáveis. Afinal, viver bastante tempo – e com qualidade – é o que todos desejamos.

Na Cardiocare, trabalhamos com o coração – literalmente. Estamos aqui para ajudar você e sua família a cuidarem da saúde de forma completa e eficaz.

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Created by potrace 1.15, written by Peter Selinger 2001-2017

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